segunda-feira, maio 21, 2007

NO PRINCÍPIO ERA O RITMO

Freqüentemente alguns alunos indagam: "Professor, quem inventou a música?" Podemos afirmar com toda a certeza que a música não foi inventada. Ela faz parte do plano de criação do Universo de Deus.
Ao criar tudo Deus usou um elemento importante da música, o ritmo. Podemos notar isto no primeiro capítulo de Gênesis quando Deus diz: "Haja luz". Em cada pedra, flor, árvore, lago, rio, cascata, sentimos a presença deste elemento, que é a base de tudo.
De fato, a música está na essência de todas as coisas. Os corpos celestes descrevem trajetórias geométricas, obedecendo a determinados ritmos e realizando a harmonia das esferas, na expressão de Pitágoras. A alternância das estações, sucessão de dias e noites, ciclos lunares, variações das marés, fenômenos meteorológicos estão subordinados a ritmos. Os corpos brutos estão constituídos de acordo com ritmos suscetíveis de serem ordenados dentro de leis, conforme nos ensinam a Geologia, a Mineralogia, a Física, a Química, as ciências da Natureza.
A matéria encerra um ritmo microscópico de movimentos atômicos. Os seres vivos também estão filiados a ritmos, graças aos quais os fenômenos da vida podem ser enfeixados dentro das leis biológicas, lodosos organismos vivos necessitam de ritmo nas funções, do contrário estão fadados ao imediato aniquilamento.
No homem, o mais diferenciado dos seres vivos, torna-se mais complexos e sutil aos ritmos indispensáveis às atividades do indivíduo: ritmos na procriação, na multiplicação das células e dos tecidos, no desenvolvimento embriológico, na gestação, no nascimento, no crescimento físico, mental e espiritual do indivíduo, na respiração, circulação, na digestão e em todas as demais funções orgânicas, no dinamismo nervoso e humoral, nas operações mentais, nas estações da vida de cada personagem. Daí a sabedoria de ARISTÓTELES: o ritmo é próprio do homem.
De acordo com a regra universal o som constitui uma atividade rítmica. Produz-se à custa das oscilações impostas a um corpo elástico por uma excitação qualquer, e se propaga em conseqüência de tais movimentos vibratórios, desencadeados no corpo elástico, acarretam o abalo sucessivo das moléculas de outros meios elásticos circundantes, sólidos, líquidos ou gasosos, inclusive o ar atmosférico.
O som por conseguinte é uma série de vibrações provocadas em corpos elásticos e transmitidas aos meios elásticos vizinhos. Quando tais vibrações são simétricas obtêm-se o som usado na música, mas quando tais vibrações são assimétricas obtemos o elemento contrário chamado ruído.
A música tem existido em todos os tempos como recurso de expansão da linguagem humana, desenvolvendo desde a criação do Universo um importante papel.
A voz humana, primeiro instrumento de sopro ao alcance de todos, teria originado, não só a palavra, mas o canto, a mais primitiva modalidade de música usada pelo próprio homem para efetuar uma espécie de autoterapia.
Sabemos que muitos povos, por exemplo os espanhóis, usam o canto nos campos de trabalho, quando colhem e quando plantam. Tive o privilégio de ver tal manifestação entre os agricultores do Mediterrâneo. Sabemos também que os escravos negros usavam o canto negro spiritual como uma autoterapia. Tinha a finalidade de amenizar o trabalho o qual era duro, pesado, e ao mesmo tempo como forma de protesto.
Música e animais
A música exerce influência não só sobre o ser humano, mas também sobre os animais e plantas. A revista francesa Science et Vie de novembro de 1970 opina ser "duvidoso que os frenéticos da alta fidelidade e os fanáticos dos decibéis se deixem influenciar por uma descoberta de fisiologia botânica, mas, enfim, o fato é que as plantas não gostam de música, sobretudo quando é muito ruidosa: nesses casos se estiolam”. Tal constatação foi feita por uma pesquisadora americana, Sra. Dorothy Retallack, e coroa uma série de 11 experiências que efetuou com centenas de plantas. ... “As plantas se sentem mal numa exposição constante à música, mas acusam diferentemente os efeitos de diversos tipos de música”. "Em contraste, a música de órgão de Bach permite que as plantas cresçam direitas sem grandes alterações. E os vegetais nada sofrem com a música indiana à base de cítaras do músico Ravi Shankar. ... Em certos casos parece que uma música suave ou clássica chegou até a estimular o crescimento das plantas, em muitos casos, uma música bastante ruidosa chegou a matar as plantas".
Segundo os antigos a música possuía o dom mágico de aplacar a ferocidade dos animais, tanto assim que os domadores da velha Roma utilizavam instrumentos musicais para amansar e adestrar as feras. Segundo o geógrafo grego Estrabão os elefantes seriam domesticáveis uns pela palavra outros pelo canto.
Conta-se que em Berlim corria solto um furioso touro. Um regente com sua banda teria conseguido dominar tal animal. Essa ação despótica do som sobre os animais é confirmada. Sabemos que no Nordeste é usado este sistema chamado de aboio nordestino: os vaqueiros usam sistematicamente um canto melancólico, por vezes prodigiosamente agudo, entoado em falsete, cheio de vocalizações, com o qual eles ordenam a marcha das boiadas mantendo os bois em calma.
Esse canto, chamado o canto do pastoreio, é usado desde os povos antigos até o país das civilizadíssimas vacas suíças. Por essa mesma razão as vacas, na pastagem carregam chocalhos Segundo o conselho de um catecismo de agricultura de 1773, o pastor deve apascentar seus rebanhos cantando, tocando gaita ou outro instrumento, pois a música encerraria o privilégio, não só de tranqüilizar e afeiçoar os animais à sua pessoa, mas de fazer o gado comer e digerir melhor, contribuindo para a engorda.
Sabemos que o uso de música selecionada nas leiterias aumenta a produção de leite nos animais leiteiros. Em São Paulo são usados estes sistemas. No entanto nem toda a música serve para essa finalidade. Em Londres foi tocada música de Bach, Wagner e Beethoven para certos animais leiteiros e a produção destes diminuiu. Mas quando foi tocada música de Mozart eles deram tudo quanto tinham ... Os animais gostam de Mozart.

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