segunda-feira, maio 21, 2007

A MÚSICA E A INFLUÊNCIA NOS SERES

A música é tão velha quando a origem do ser humano sobre a face da terra. O ritmo possivelmente tenha sido a primeira manifestação das civilizações chamadas primitivas. No princípio era o ritmo... Podemos dizer parafraseando a Bíblia, no intuito de assinalar quanto o ritmo constitui fenômeno preliminar do universo. De fato, o ritmo está na essência de todas as coisas. Os corpos celestes descrevem trajetórias geométricas, obedecendo a determinados ritmos e realizando a harmonia das esferas na expressão de Pitágoras[1]. A alternância das estações, sucessão de dias e noites, ciclos lunares, variações das marés, fenômenos meteorológicos estão subordinados a ritmos. Os corpos brutos estão constituídos de acordo com ritmos susceptíveis de seres ordenados dentro de leis, conforme nos ensinam a geologia, a mineralogia, a física, a química, as ciências da natura. A matéria encerra um rito microscópico de movimentos atômicos. Todos os seres vivos também estão associados a movimentos rítmicos, graças aos quais os fenômenos da vida podem ser enfeixados dentro de leis biológicas. Todos os organismos vivos necessitam de ritmo em suas funções, pois do contrário estão fadados ao imediato aniquilamento.
No homem, o mais diferenciado dos seres vivos, torna-se mais complexo e sutil a presença de ritmos indispensáveis às atividades humanas de cada indivíduo: ritmos nos atos de amor e da procriação, na multiplicação das células e dos tecidos, no desenvolvimento embriológico, na gestação, no nascimento, no crescimento físico, mental e espiritual de cada indivíduo, na respiração, circulação sanguíneas, na digestão, no ciclo menstrual da mulher, no dinamismo nervoso e humoral, nas estações da vida de cada personagem, ou seja em todas as funções, daí a sabedoria de Aristóteles[2] (384 a.C.-322 a.C): “o ritmo é próprio do homem”.
O ritmo incorpora-se a todas as concepções humanas, no domínio das artes, da ciência, da indústria, do comércio e de todas as civilizações.
De acordo com a regra universal, “o som constitui uma atividade rítmica”. Produz-se à custa das oscilações impostas a um corpo elástico por uma excitação qualquer, e se propaga em conseqüência de tais movimentos vibratórios, desencadeados no corpo elástico, acarretarem o abalo sucessivo das moléculas de outros meios elásticos circundantes, sólidos, líquidos ou gasosos, inclusive o ar atmosférico. O som, por conseguinte, é uma série de vibrações provocadas em corpos elásticos e transmitidas aos meios elásticos vizinhos. Quando tais vibrações são simétricas, obtém-se o som usado na música, mas quando tais vibrações são assimétricas obteremos o elemento contrário chamado ruído.
A música tem existido em todos os tempos como recurso de expansão da linguagem humana. A música desde a criação do universo tem seu papel importante em todo o ser humano. A voz humana, primeiro instrumento de sopro ao alcance de todos, originou não só a voz falada como também a voz cantada, a mais primitiva modalidade musical.
Desde o começo da criação, a música foi utilizada com a função de louvor aos deuses ou a um Deus. Após, no mundo cristão, a entrada do pecado no meio humano, a ela foi acrescida uma função extra de terapia, função esta que tem se prolongado através dos séculos. Hoje essas técnicas são dirigidas e orientadas por especialistas. A voz humana, melhor dizendo o canto, foi o primeiro veículo utilizado pelo homem com as funções de autoterapia. Conhecemos que muitos povos usam o canto nos campos de trabalho, quando colhem ou quando plantam. Isto acontece até nos dias de hoje. Tive o privilégio de ver e ouvir tais manifestações quando em viagem pela Europa, ouvi nos campos de colheita da Espanha homens, mulheres e crianças cantando a várias vozes, com o intuito de criar ambiente na colheita do trigo, de tal forma que o cansaço não seria tão sentido, ou pelo menos atenuado. Todos nós conhecemos também a história dos escravos negros do Brasil e EUA, que utilizavam o canto como forma de superar as dificuldades impostas por seus senhores, ao mesmo tempo como forma de protesto.
A música exerce influência não só sobre o ser humano, mas também sobre animais e plantas. Da revista francesa Science et Vie[3] eu transcrevo o seguinte texto:
É duvidoso que os frenéticos da alta fidelidade e os fanáticos dos decibéis se deixem influenciar por uma descoberta de fisiologia botânica, mas enfim, o fato é que as plantas não gostam da música especialmente aquela mais ruidosa: elas podem morrer. Esta constatação vem de uma pesquisa americana realizada por Dorothy Retallack, que coroa uma série de experiências realizadas em diversas centenas de plantas. Todas foram submetidas às mesmas condições de Hygrametria, as plantas são submetidas a uma exposição constante de música, as quais reagem diferentemente aos diversos tipos de música. Assim as plantas que foram submetidas por três semanas ao Rock, acusaram um desvio em seu corpo de 60 graus da direção das caixas de som. Já as plantas que se submeteram, por igual período, a música atonal sofreram um desvio de 15 graus. Já as plantas que foram submetidas à música de órgão de Bach, cresceram direitas sem muitas alterações. Interessante notar que as plantas que foram submetidas à música indiana da cítara de Ravi Shankar, nada sofreram. Madame Retallack, durante estas experiências, tentou modificar a inclinação das plantas, forçando a uma nova postura: nada impedia que elas fugissem dos sons que recebiam, voltando à posição em que foram encontradas após alguns dias de Rock, por exemplo. Foi observado que música suave ou clássica estimularam até o crescimento das plantas, já em vários casos a música ruidosa e forte chegou a matar várias plantas. Falta agora aplicar estas descobertas sobre o ser humano... Sabemos de ante mão que a exposição contínua por duas horas à música, provoca uma diminuição sensível da acuidade auditiva”.

A música entre os antigos, mais especificamente o canto possuía o dom mágico de aplacar a ferocidade de animais, tanto assim que os domadores da antiga Roma, utilizavam-se de instrumentos musicais para acalmar e adestrar as feras. Segundo o geógrafo grego Estrabão[4] (63 a.C.-24 d.C.), os elefantes seriam domesticáveis uns pela palavra, outros pelo canto. Conta-se que em Berlim, corria solto um furioso touro; um regente com sua banda teria conseguido dominar o animal. Essa ação despótica do som sobre os animais é a cada dia mais confirmada pela ciência. No nordeste brasileiro é usado este sistema, que recebeu o nome de aboio nordestino: os vaqueiros usam sistematicamente um canto melancólico, por vezes prodigiosamente agudo, entoado em falsete, cheio de vocalizações, com o qual eles ordenam a marcha das boiadas mantendo a calmaria do rebanho. Esse canto, também chamado de pastoreio, é utilizado desde a antiguidade até os nossos dias com o chamado ranz des vaches das civilizadíssimas vacas suíças. Por essa mesma razão as vacas, carregam chocalhos e sinos enquanto pastam.
Segundo conselho de um catecismo de agricultura de 1773, o pastor deveria apascentar seus rebanhos cantando, tocando gaita ou qualquer outro instrumento, pois a música encerraria o privilégio, não só de tranqüilizar como afeiçoar os animais à pessoa, além de fazer o gado comer e digerir melhor, contribuindo para uma maior engorda do animal.
Sabemos que a utilização de música selecionada nas leiterias aumenta a produção leiteira do rebanho. Em São Paulo, são usados esses sistemas. No entanto nem toda a música serve para este fim. Em Londres, foi executada música de Johann Sebastian Bach (1685-1750), Richard Wagner (1813-1883) e Ludwig van Beethoven (1770-1827) para um certo gado leiteiro, a produção destes diminuiu, no entanto, ao ouvirem a música de Mozart eles liberaram todo o seu potencial leiteiro.
Entre outros animais a música exerce papel importante. As cigarras, grilos, sapos e muitas aves são notabilizados por seus cantos. Os animais domésticos, como cães e gatos, servem-se de certas modulações vocais para exprimir o desejo de alguma coisa, como o desejo sexual, a cólera, o ciúme, a ternura, a alegria, o medo e a tristeza.
Charles Robert Darwin[5] (1809-1882) assinala:
os pássaros põe-se a cantar principalmente no período do cio e do flirte, com o objetivo de atrair as fêmeas ou os machos”.

Um célebre médico holandês, Dr. Herman Boerhaave (1668-1738), nos momentos de lazer, divertia-se dando aulas de música para seus pássaros. Dizia o seguinte:
“... todas as vezes que tomava um instrumento para dar uma lição de música aos meus pássaros, estes dispunham a ouvi-la, e antes que eu houvesse começado a tocar; o prazer que eles experimentavam lhes permitia distinguir o seu professor de música de outras pessoas. Quando eu começava a tocar, os pássaros colocavam-se contra as grades da gaiola e inclinando-se contra elas, movimentando a cabeça de um lado para o outro, como para não perder a mínima vibração sonora. Permaneciam assim por um tempo e logo gorjeavam em surdina, até que havendo tomado o tom adequado buscava, reproduzir a música que ouviam “.

O uso selecionado da música tornaria os animais servidores do homem, capazes de maior rendimento, preenchendo assim o objetivo de interesse do homem domador. Baseado nesses estudos está sendo utilizado música ambiente nas salas de espera em consultórios médicos e dentários, escritórios e até em fábricas.
Fazendo uma retrospectiva bíblica aos tempos de Adão, nesta época já era usado este sistema. É claro que não havia aparelhos de rádio FM ou gravadores ou sofisticados sistemas de som, mas o canto era o meio usado. Os negros e outros povos utilizaram-se e utilizam deste meio como forma terapêutica com excelentes resultados, muitas vezes não tendo noção exata do que estão fazendo. O canto era utilizado para amenizar a dureza do trabalho. Quando fazemos alguma atividade, não importa o quê e se este trabalho ou atividade é duro para se fazer, o uso da música é excelente, pois não se notará as dificuldades e as horas passam com maior rapidez. Nos tempos atuais faz-se necessário a cada dia mais, as correrias diárias dos escritórios, fábricas, trânsito, poluição sonora, visual, ambiente, tensão e depressão mental e física. Não é o uso de drogas recomendadas por médicos e laboratórios que vão ajudar o indivíduo a se liberar dessas tensões, e sim uma conjugação com a música.
O homem deve possuir períodos de tensão e repouso correspondentes. O sono é uma das formas rudimentares corriqueiras e necessária para efetuar tal terapia, no entanto nem sempre resolve o problema, em muitos dos casos não conseguimos um sono tranqüilo ou reparador. A música a curto e longo prazo exerce um efeito benéfico como qualquer outro tipo de terapia. Não é toda a música que serve para efetuar tal trabalho. Requer um estudo aprofundado com o auxílio de psicólogo e um médico, que dará o diagnóstico correto, dessa forma o musico terapeuta terá os subsídios necessários para a escolha apropriada.
Uma outra atividade da vida humana é a escola. Como deve ser a música nas escolas?
A música utilizada nas escolas deveria ser singela, para que possa ser compreendida e fixada pelo espírito; ao mesmo tempo viva, para que emocione e promova contentamento; agradável, para que desperte interesse na atividade; rítmica, para que se identifique com a vida. Os cantos de ritmo suave e sentimental são os mais apropriados para serenar a inquietude, ao contrário, à entrada e a saída de uma aula, devem ser empregados cantos vivazes que excitam os movimentos”[6]

A música nas escolas deve visar criar um ambiente mais puro e elevado; propiciar o sentido rítmico que nos leva a cultivar os temperamentos musicais e implantar na inteligência, noções fundamentais da ordem e da atenção; desenvolver a capacidade auditiva e a sensibilidade; familiarizar com a idéia que o movimento é música e que a música é movimento.
Já nos consultórios, por exemplo, os odontológicos, a música serve para acalmar o paciente. Os estudos e pesquisas nos indicam que a música nos consultórios deveria ser devidamente selecionada, com o objetivo de acalmar o paciente. A literatura deve ser cuidadosamente escolhida, para promover a distração do ruído produzido pelos aparelhos de alta rotação. O estudo leva a dizer que um médico jamais deveria atender imediatamente o seu paciente logo que ele chegue aos consultórios, para promover um relaxamento deste através da música, assim ele entraria na clínica para efetuar os procedimentos sem tensão. A atenção do dentista a seu paciente é importante para que o efeito obtido pelo relaxamento não seja quebrado.
Em lojas e supermercados a música induz o cliente a comprar mais, provocado pela distração que a música provoca no cliente. Os proprietários de supermercados europeus descobriram que a música ambiente faz o cliente perder a noção de tempo e quando se vê está no caixa com o carrinho cheio de coisas que você nem tem necessidade comprar.
A música envolve e projeta as multidões em estado próximo ao hipnótico, e nessas circunstâncias, torna-se extremamente permeáveis à exortação de líderes políticos, seja para o bem seja para o mal. A música considerada em si mesma não pode ser boa ou má, moral ou imoral, aliás isso se sucede em relação a todas as artes, mas de acordo com a orientação que o homem lhe imprime e a utiliza, empresta-se-lhe uma indumentária sadia ou mórbida, excelente ou subversiva.
Mas se a música tem sido cúmplice do despotismo, da corrupção e da decadência das nações, tem igualmente desencadeado sob a inspiração de nobres ideologias, as mais gloriosas revoluções políticas e sociais, impondo-se como instrumento de ascensão de civilizações e povos: "são os hinos que fazem as revoluções", diz Eça de Queiroz (1845-1900).
Na realidade não há guerras sem música. A revolução francesa nasceu da filosofia de Voltaire e Rousseau, mas que foi levada adiante pelo impulso da Marseillese de Claude-Joseph Rouget de L’Isle[7] (1760-1836). O que dizemos da França dizemos da Polônia com a música de Fryderyk Chopin (1810-1849) e Ignace Jan Paderewski (1860-1941), através das Polonaises. Quando as ouvimos quase podemos ouvir os passos firmes e pesados de homens resolutos, fazendo face às injustiças do destino. Hitler insperava-se e usava a música de Wagner para a realização de suas invasões.
Canções e marchas militares estimulam multidões a marchar entusiasticamente para os campos de batalha e a sacrificar as vidas em lutas heróicas. A música tem para a guerra uma importância que nem as armas mais modernas, nem o pára-quedismo puderam diminuir. Os soldados fazem 10 milhas por dia sem música, mas cantando ou com acompanhamento de música eles vão a 18 milhas com o mesmo cansaço.
Em todos os tempos a música foi um estimulante à ação individual ou coletiva.
No Egito em meio a superstições e crenças, a música veio impondo-se como recurso de encantamento e de magia, suscetível de acarretar os efeitos mais diversos, inclusive a cura de transtornos do corpo e do espírito. As primeiras referências da influência da música nos seres humanos foram encontradas no famoso papiro médico egípcio escrito em hierático, datado de 2.500 aC, descoberto em Kahum por William Matthew Flinders Petrie, Sir[8] (1853-1942) em 1889.
Entre o povo hebreu temos indicações da força da música, como na história relatada na Bíblia, quando da queda dos muros da cidade de Jericó, por influência do toque de trombetas[9]. Também nos textos sagrados encontramos a narrativa do profeta Eliseu que se serve da música de um harpista para provocar em si mesmo, o êxtase, e sob a influência de Deus proferiu ordens e oráculos. Também na mesma Bíblia encontramos o episódio do rei Saul[10] (c.1080 a.C.-c.1010 a.C.) vítima de crises de excitação psico motores, nas quais de acordo com a crença da época, estaria possuído pelo mau espírito. Então ele chamava o pastor David[11] (? a.C.-c.961 a.C.)[12], que era conhecido por seus cantos e por sua maviosa voz, o qual dedilhava a sua harpa junto ao rei e expulsava o mau espírito, fazendo o rei Saul voltar à calma. Em vista da sua significação transcendental, a música atingiu extraordinário desenvolvimento no tempo de David, que se tornou o fundador de uma escola de cantores, onde mais de 4000 cantores entoavam louvores a Deus. Depois Salomão (שלמה – escrita em hebraico do nome de Salomão) (c.1030 a.C.-c.930 a.C.) também protegeu o cultivo da música no seio do povo de Israel celebrizando-se como autor de vários cânticos.
Nos textos mitológicos, os heróis exercem muitas vezes funções médicas, e na cura das doenças recorrem à música, velha aliada da medicina. Apolo[13], era deus da medicina e ao mesmo tempo da música.
Segundo refere-se Homero[14] (c.850 a.C.-?), Apolo era médico dos deuses no Olimpo. Depois transmitiu os conhecimentos ao centauro Quirão[15], que era também versado em música, tratava toda a sorte de doenças com os sons de uma lira. Esculápio[16] tratava doenças fazendo seus pacientes ouvir cantos suaves. Homero assinala que a música não foi concedida aos homens por deuses imortais com o fim somente de alegrar e de recrear seus sentimentos, mas ainda para apaziguar as perturbações de sua alma e os movimentos tumultuosos que experimenta um corpo cheio de imperfeições.
De acordo com a doutrina musical dos gregos, cada modo, assim como dos gêneros e dos ritmos, encerravam determinado poder moral. Esse caráter moral atribuído à música constituiu o Ethos: o modo frígio excitava o furor e a coragem; o modo lídio levava à tristeza, arrependimento e contrição; o modo eólio o amor; e o modo dórico, gravidade, reconhecimento e concentração. Da mesma maneira, uns gêneros e ritmos eram enervantes, outros sensuais, outros virilizantes. Certa música, em determinado modo, gênero ou ritmo, despertava voluptuosidade, ou religiosidade, ou agressividade.
A prática exclusiva dos exercícios ginásticos desenvolveria unilateralmente à capacidade física dos indivíduos, seria preciso também cultivar o espírito, por isso Platão aconselhava a prática da música aos jovens. Eram utilizados dois tipos de música: a violenta, que era adequada à guerra; e a tranqüila, propícia à meditação, concentração e preces aos deuses. Ser somente um atleta é quase ser um selvagem, é bom praticar música.
Asclepíades[17] (c.124 a.C.-c.40 a.C.) de Bitínia, retórico e depois médico em Roma, não só descreveu precisamente sintomas de doenças mentais e interpretou-os à luz de curiosas teorias, mas ainda preconizou normas de tratamento. Na sua opinião, a harmonia musical e um concerto de vozes eram medidas terapêuticas de muito valor.
Todos os fenômenos que se podem e não podem explicar são evocados através de manifestações rítmicas e do canto. A voz foi uma das primeiras manifestações musicais da humanidade. A prática do canto está associada a cantos de trabalho, incantatórios que apelavam aos espíritos, divindades e a Deus. Tem um grande poder mágico que se estende desde os tempos da antiguidade até nossos dias, com aplicações diferentes, utilizando entonações para objetivos específicos:

"A música para os povos primitivos era considerada sobrenatural, por esse motivo agia diretamente também no mundo sobrenatural, assim a música sempre figurava em todas as cerimônias místicas dos povos antigos, nascendo a partir da religião." Victor de Laprade[18]

Entre os indianos a voz era usada para combater doenças, obter chuva e o bom tempo; entre os chineses, no VI século a.C, havia a crença que certas seqüências sonoras tocadas sobre uma espécie de alaúde, trazia poderoso encantamento sobre a terra deixando-a virgem e infértil por um período de três anos; entre os povos africanos e os indígenas brasileiros, a música, perdurando ainda em nossos dias, exerce uma função de exorcismo, de purificação ou de conjuração figurando sempre em associação ao canto e à dança, nos ritos de iniciação, casamento, trabalho, guerra, vitórias, morte, etc.
A partir do instante em que a humanidade passou a viver em sociedade, houve a necessidade de transformar os elementos que estão à disposição, na tentativa de dominar o seu habitat. Desde o início da humanidade, o ato de cantar deve ter produzido grande fascínio, por isso ele está ligado à gênese da humanidade. Um livro Hindu intitulado Tandaya maha Brahmana possui a seguinte anotação:
Prajâpati (senhor das criaturas) desejou multiplicar-se e procriar. Com o espírito em silêncio contemplou. O que havia em seu espírito tornou-se sâman (canto). Ele considerou: eis que trago em mim um embrião; desejo procriá-lo através de vâc (a voz). E ele emitiu vâc (...) e cortou-a em três partes: “A” tornou-se a terra, “Ka” a atmosfera e “Ha” o céu”.

Em um outro livro sagrado o Çatapatha Upanishad[19]:
“...tudo o que os deuses fazem, fazem-no através da recitação cantada”.

Na verdade na maioria das mitologias primitivas e antigas, encontramos referências ao poder do canto e da voz. Assim, nada mais natural que o canto também esteja associado à civilização ocidental, civilização igualmente religiosa. Prova disto é o texto abaixo, atribuído a S. João Crisóstomo[20] (347-407):
Nosso canto não é senão um eco, uma imitação do canto dos anjos. A música foi inventada no Céu. Em torno e acima de nós cantam os anjos. Se o homem é musical, isso se deve a uma revelação do espírito Santo; o cantor é inspirado pelas alturas”.

Essa percepção do canto associado ao divino perdura por muito tempo, a ponto de um milênio depois se encontrar expresso no Paraíso[21] de “A Divina Comédia” de Dante Alighieri[22] (1265-1321):

E, como a viola e a harpa colorida,
Unindo cordas, fazem doce trino
Mesmo que a nota passe imperceptível,
Das luzes vinha um canto cristalino
E a melodia pela cruz soava
Sem que, enlevado, eu distinguisse o hino.
Alto louvor, dei conta, se cantava:
“Ressurge” e “Vence”, sons entrepartidos,
Sem o todo entender, eu escutava.


Se a música interfere tanto no cotidiano das plantas e animais, deveríamos melhor escolher o que ouvimos, por com toda a certeza ela agirá em nossa mente e vida.

Jornal de Psicologia, ano III – No. 35 – pg 6 – maio de 1989 - SP

NOTAS
[1] Pitágoras: Matemático e filósofo grego, nascido na ilha de Samos, Ásia Menor, por volta de 580 a.C. a 500 a.C. Aristocrata, filho de um opulento comerciante que teria deixado a região natal por aversão à tirania de Polícrates (?-552 a.C.) - tirano de Samos, que graças aos distúrbios sociais chegou à tirania, transformando sua cidade num dos Estados mais poderosos do mar Egeu. Célebre pelo fausto de sua corte, para ali atraiu artistas e escritores, entre os quais Anacreonte (c.570 a.C.- c.488 a.C.) e o arquiteto Eupalinos de Megare (VI séc. a.C.), visitando santuários gregos e estendendo sua viagem de estudo a Pérsia, Gália, Creta e Egito cuja finalidade seria o interesse pela ciência e filosofia. Suas habilidades matemáticas foram adquiridas em viagens pelo mundo, principalmente, com os egípcios e com os babilônicos onde aprendeu novas técnicas, isto porque esses povos antigos tinham ultrapassado a simples contagem e avançados nos cálculos mais complexos como, por exemplo, a criação de sistemas sofisticados de contabilidade e a construção de prédios. Por não suportar à tirania de Polícrates, Pitágoras emigrou de sua ilha para o Sul da Itália que era parte da Magna Grécia estabelecendo-se em Crotona, cidade da Magna Grécia situada na Itália meridional, fundada em torno de 710 a.C. Em Crotona, Pitágoras teve a felicidade de se encontrar com um dos homens mais rico, mais forte de toda a história e de proporções hercúleas, pois fora doze vezes campeão nos jogos olímpicos e de Pítias (palavra de origem grega, pythia, de pytho, antigo nome de Delfos) ou jogos píticos, também chamado jogos pítios, jogos pan-helênicos os quais eram realizados a cada quatro anos em Delfos. Esse homem, além de sua capacidade atlética, apreciava e estudava a filosofia e a matemática e chamava-se Mílon ou Mílon de Crotona que segundo a lenda, morreu devorado por animais selvagens , não tendo conseguido soltar-se da fenda de um tronco de árvore na qual ficou preso, proporcionando a Pierre Puget (1620-1694) - escultor, pintor e arquiteto francês - o tema de um célebre grupo de mármore, colocado em 1683 no parque de Versailles. A partir de então, Mílon cedeu parte de sua casa a Pitágoras com o propósito de que fosse estabelecida uma escola, e assim, formara uma aliança entre o sábio de Samos e o mais poderoso. Já acomodado, Pitágoras, por volta de 530 a.C. dedica-se ao ensino, sem desinteressar-se por questões políticas mas, nesta colônia grega, fundou a Irmandade Pitagórica - um grupo de aproximadamente seiscentos seguidores entre os quais havia vinte e oito irmãs, sendo que uma delas era a estudante favorita filha de Mílon, Theano, que viria a se casar mais tarde com Pitágoras apesar da diferença de idade, capaz não apenas de entender seus ensinamentos, mas também de contribuir criando idéias novas e demonstrações, ao mesmo tempo, religiosa, filosófica e política cujo objetivo era a reforma social e política da região.
[2]Aristóteles: Filósofo grego, filho de Nicômaco, médico de Amintas, rei da Macedônia, nasceu em Estagira, colônia grega da Trácia, no litoral setentrional do mar Egeu, em 384 a.C. Aos dezoito anos, em 367 a.C., foi para Atenas e ingressou na academia platônica, onde ficou por vinte anos, até à morte do Mestre. Nesse período estudou também os filósofos pré-platônicos, que lhe foram úteis na construção do seu grande sistema. Em 335 a.C., treze anos depois da morte de Platão (c. 427 a.C.-347 a.C.), Aristóteles fundava, perto do templo de Apolo Lício, a sua escola. Daí o nome de Liceu dado à sua escola. Aristóteles faleceu, após enfermidade, no verão de 322 a.C.. Tinha pouco mais de 60 anos de idade. Aristóteles foi essencialmente um homem de cultura, de estudo, de pesquisas, de pensamento, que se foi isolando da vida prática, social e política, para se dedicar à investigação científica. A atividade literária de Aristóteles foi vasta e intensa, como a sua cultura e seu gênio universal. Assimilou todos os conhecimentos anteriores e acrescentou-lhes o trabalho próprio, fruto de muita observação e de profundas meditações. Escreveu sobre todas as ciências constituindo algumas desde os primeiros fundamentos, organizando outras em corpo coerente de doutrinas e sobre todas, espalhando as luzes de sua admirável inteligência.
[3] Science et Vie, no. 638 de novembro de 1970, pagina 95.
[4] Estrabão: Geógrafo e historiador grego, nascido em Amaséia, Ponto, hoje Amasya, Turquia, cuja obra constitui uma das fontes mais valiosas para o conhecimento do mundo antigo e considerado o maior geógrafo de Roma. Recebeu excelente educação iniciando (44 a.C.) com Aristodemo (discípulo de Sócrates). Durante a juventude, viajou pela Anatólia e morou em Roma nos tempos de Augusto (31 a.C.-14 d.C.), onde prosseguiu seus estudos com o gramático grego Tirânio (c. 80 a.C.-?) (ou Tyránnion), um ex-professor e amigo de Cícero (106 a.C.-43 a.C.), e produziu seus primeiros trabalhos. Antes de deixar Roma ele concluiu sua monumental obra de 43 volumes intitulada Esboço Histórico da qual só restam pedaços. Começou (31 a.C.) suas viagens na Europa, Ásia e África, tendo viajado quase todo o mundo conhecido da época. Passou pela Grécia, subiu o Nilo e foi até a ilha de Filé. Passou alguns anos em Alexandria e, de volta a Roma (17 d.C.), dedicou-se a sua grande obra, Geographicae, uma obra em 17 volumes e escrita em grego. Era maior que a de Pausânias, porém de qualidade e imparcialidade inferior. Nela descreveu a maior parte dos países então conhecidos, numa abordagem original para a época, que privilegiava a história e cultura dos povos ao invés de limitar-se à descrição das características geográficas. Esta foi a primeira vez em que foi citada a palavra Geografia e seu conteúdo foi mais dirigido para uso militar. Esta obra é o principal documento daquela época conservado inteiro, com exceção de partes do volume sete, até os dias de hoje. Morreu na cidade natal por volta do ano 24 da era cristã.
[5] Charles Darwin (1809-1882): Foi um naturalista britânico e o propositor da Teoria da Seleção natural e da base da Teoria da Evolução em seu livro A origem das espécies. Teve suas principais idéias em uma visita ao arquipélago de Galápagos, quando percebeu que pássaros da mesma espécie possuíam características morfológicas diferentes e isto estava relacionado com o ambiente em que viviam.
[6] Teobaldo Miranda Santos. Livro: “Filosofia da educação: os grandes problemas da pedagogia moderna”. RJ: Bofifoni. 1942
[7] Militar francês. Alcançou a graduação de capitão no exército, mal grado seus dotes, abandonou a carreira militar antes de obter uma maior graduação. Sua participação na Revolução Francesa foi considerada moderada, e sua celebridade deve-se ao fato de ter escrito na noite de 25 de abril de 1792, uma canção, um Canto de guerra para o exército, pelo motivo da exaltação causada pela declaração de guerra à Áustria. O feito de que os assaltantes das Tullerías procedentes de Marsella entoarão a canção durante sua insurreição, feito este que logo se fez conhecer como La Marseillese, que logo se tornou o hino nacional francês em 1879, durante a III República.
[8] Arqueólogo e egiptologista britânico nascido em Charlton, próxima de Greenwich, London, que inventou um método para reconstituir a seqüência de acontecimentos históricos em culturas antigas. Passou a ser conhecido especialmente pelas escavações em Memfis e Tebas (1881), quando pesquisou nas pirâmides e templos de Giza e fez escavações nos montes de Tanis e Naucratis. Cavaleiro (1923) foi autor de mais de 100 livros, foi um pioneiro no ensino da arqueologia em Londres (1892-1933). Também desenvolveu escavações na Palestina e morreu em Jerusalém.
[9] Relato encontrado na Bíblia no livro de Josué 6:1 a 5.
[10] Saul: (escrita em hebraico do nome de Saul: שאול) Filho de Kish da tribo de Benjamim, primeiro rei de Judah e Israel escolhido por Deus e aclamado e ungido rei pelo profeta Samuel em c.1050 a.C, permanecendo no trono até c.1010 a.C. (40 anos), quando se suicidou. Foi responsável por grandes feitos: a) vitória sobre os Amonitas (I Samuel 11:1 a 11) trazendo liberdade para a cidade, sendo após este evento aclamado rei; b) livrou Israel dos Filisteus em Geba, derrotando 3000 homens (I Samuel 13:1e 2); c) Guerreou os Moabitas, Amonitas e os Edomitas (I Samuel 14:24 a 47) e também os Amalequitas (I Samuel 15); d) Unificou o país e organizou os homens de combate em um exército leal (I Samuel 28:3), entre outros feitos.
[11] David: (escrita em hebraico do nome de David: דָּוִד): segundo rei de Israel, neto de Boaz e de Ruth, filho de Jesse da tribo de Judah nascido em Bathsheba. Reconhecido por suas habilidades guerreiras e por seus escritos – Salmos. Cantor (segundo alguns seria um tenor de voz leve e suave) e instrumentista (harpista, seu principal instrumento). Iniciou sua vida como um pastor de ovelhas em Bethlehem. Trabalhou para a corte de Saul como cantor e músico, tinha a função de acalmar a ira do rei Saul através da música. Governou por 40 anos entre c.1001 a.C. e c.961 a.C., quando morreu.
[12] Conforme informação do site: http://i-cias.com/e.o/david.htm
[13] Apolo: Figura complexa e enigmática, que transmitia aos homens os segredos da vida e da morte, Apolo foi o deus mais venerado no panteão grego depois de Zeus, o pai dos céus. Os santuários dedicados a essa divindade, sobre cuja origem - oriental ou indo-européia - existem dúvidas, se estendiam por todo o mundo Helênico; a ele era consagrado o templo de Delfos, o de maior importância na Grécia, mencionado já na Ilíada. Nesse santuário, centro do culto "Apolíneo", a Pítia, ou Pitonisa, aspirava os vapores que saíam de uma fenda na terra e, em profundo êxtase, pronunciava o oráculo sob a influência do deus. Apolo e sua irmã gêmea Ártemis (identificada pelos romanos com Diana) eram filhos de Zeus e Leto, da estirpe dos Titãs. Segundo a lenda, os dois nasceram na ilha de Delos, outro dos lugares importantes de seu culto, onde Leto se havia refugiado, perseguida pelo implacável ciúme de Hera, esposa de Zeus. Apolo, com um ano de idade e armado de arco e flechas, perseguiu a serpente Píton, também inimiga de sua mãe, até o lugar sagrado de Delfos, e ali a matou. Zeus recriminou o filho pela profanação do santuário e, em memória da serpente, instituiu os Jogos Píticos. O poder de Apolo se exercia em todos os âmbitos da natureza e do homem. Por isso, suas inovações eram múltiplas e variadas. Além de ser por excelência o deus dos oráculos e fundador de importantes cidades, sua proteção - e sua temível ira - abarcava desde a agricultura e o gado até a juventude e seus exercícios de ginástica, assim como os marinheiros e navegantes. Tinha poder sobre a morte, tanto para enviá-la como para afastá-la, e Asclépio (Esculápio Romano), o deus da medicina, era seu filho. Considerado também o "condutor das Musas", tornou-se deus da música por ter vencido o deus Pã em um torneio musical. Seu instrumento era a lira.
[14] Homero: Precursor da filosofia de Platão. A Homero se atribuem os dois maiores poemas épicos da Grécia antiga, que tiveram profunda influência sobre a literatura ocidental. Além de símbolo da unidade e do espírito helênico, a Ilíada e a Odisséia são fonte de prazer estético e ensinamento moral. De acordo com o historiador grego Heródoto, Homero nasceu em torno de 850 a.C. em algum lugar da Jônia, antigo distrito grego da costa ocidental da Anatólia, que hoje constitui a parte asiática da Turquia, mas as cidades de Esmirna e Quio também reivindicavam a honra de terem sido seu berço. Até mesmo as fontes antigas sobre o poeta contêm numerosas contradições, e a única coisa que se sabe com certeza é que os gregos atribuíam a ele a autoria dos dois poemas - Ilíada e a Odisséia. A tradição lhe atribuiu também a coleção dos 34 Hinos homéricos, dos quais procede a imagem lendária de Homero como poeta cego, mas que depois se constatou serem de fins do século VII a.C. Quanto à morte de Homero, a versão mais aceita é de que teria ocorrido em uma das ilhas Cíclades.
[15] Quirão: Centauro filho de Cronos e Filira. Sua dupla natureza, de homem e cavalo, era explicada pelo fato de seu pai ter assumido a forma de um cavalo para unir-se a Filira. Quirão habitava uma gruta do monte Pélion, na Tessália. Por sua sabedoria, inteligência e virtude, diferia dos Centauros filhos de Ixião. Seu pai transmitiu-lhe conhecimentos de medicina, magia, arte de adivinhar o futuro, astronomia e música. Quirão salvou Peleu e ensinou-lhe como convencer Tétis a esposá-lo. Incumbiu-se da educação de vários príncipes e heróis, entre os quais se destacam Aquiles, Céfalo, Asclépio, Telamão, Meléagro, Teseu, Odisseu, Jasão. Quando, ao lado de Hércules, lutava contra os Centauros, foi atingido, acidentalmente, por uma flecha do herói. Sofrendo terríveis dores, pediu a Hades que o acolhesse nos Infernos. Para que pudesse morrer, cedeu sua imortalidade a Prometeu. Zeus colocou-o no Zodíaco, onde constitui a constelação de Sagitário.
[16] Esculápio (Aesculapius): deus da medicina que teve muito prestígio no mundo antigo, quando seus santuários converteram-se em sanatórios. De acordo com a mitologia greco-romana, Esculápio, filho do deus Apolo e da ninfa Coronide foi adotado por um centauro, Quirone, responsável pelos ensinamentos da arte médica a Esculápio. O símbolo de Esculápio consiste em uma serpente amarelo-ouro, Coluber Aesculapii, entrelaçando-se em um bastão, da esquerda para a direita (posicionado de forma anatômica). A relação do ofídio com o deus da medicina é explicada por uma lenda. Certa vez, ao sair da casa de uma mulher doente e já desesperançada, Esculápio cruzou com uma serpente não venenosa de cor amarela. Julgando estar sendo intimidado pelo réptil não hesitou, pondo fim à vida da serpente. Ocorreu que, logo em seguida, uma outra serpente, igual em tamanho e cor, apresentou-se a ele. Nesse instante, Esculápio observou que o réptil, na verdade, levava uma planta com a qual poderia curar a enferma. A partir deste episódio, a imagem da serpente entrelaçada no bastão (o bastão simboliza o galho da planta) ficou diretamente relacionada a Esculápio e a medicina. Os textos primitivos não concediam caráter divino a Esculápio, que os gregos chamavam Asclépio. Homero o apresenta na Ilíada como um hábil médico e Hesíodo e Píndaro descrevem como Zeus o fulminou com um raio, por pretender igualar-se aos deuses e tornar os homens imortais. Seu templo mais famoso era o de Epidauro, no Peloponeso, fundado no século VI a.C.. O teatro dessa cidade foi construído para acolher os peregrinos que acorriam para a festa em honra de Esculápio, a Epidauria. Era também patrono dos médicos e sua figura aparecia nos ritos místicos de Elêusis. Seu culto foi iniciado em Roma por ordem das profecias sibilinas, conjunto de oráculos do ano 293 a.C.. Na época clássica, Esculápio era representado, quer sozinho, quer com sua filha Higia (a saúde), como um homem barbudo, de olhar sereno, com o ombro direito descoberto e o braço esquerdo apoiado em um bastão, o caduceu, em volta do qual se enroscam duas serpentes, e que se transformou no símbolo da medicina.
[17] Alclepíades de Bitínia (c.124 a.C.-c.40 a.C.): Médico grego e retórico e mais tarde médico em Roma, teve sua formação em Alexandria, o maior centro científico de sua época. Asclepíades formulou uma teoria sobre o funcionamento do organismo, onde o corpo humano é sustentado por pequenas massas, as moléculas, que eram formadas por um conjunto de partículas. Entre estas partículas, existiam átomos que se movimentavam por canais e poros. O bem-estar do corpo correspondia a uma boa e correta movimentação dos átomos pelos canais e poros. Do mesmo modo, qualquer enfermidade refletia alterações nesses movimentos. Foi rival de Hipócrates (460 a.C.-?), criticando-o por considerá-lo demasiado teorizante. Asclepíades acreditava que a própria natureza se encarregaria de restabelecer a normalidade dos movimentos dos átomos e, portanto, da saúde.
[18] Victor de Laprade (1812-1883) - Escritor, poeta religioso, crítico, professor e músico - Livro: Contre la Musique (Paris, 1880)
[19] Chrystèle Chovelon - A L’aube du 3eme Millenaire… Le Devenir du Chant - CEFEDEM Rhône Alpes (2000-2002)
[20] Teólogo
[21] Fragmento do Conto XIV, tradução de Haroldo de Campos.
[22] Dante Alighieri: Nasceu em Florença em 1265 de uma família da baixa nobreza. Sua mãe morreu quando era ainda criança e seu pai, quando tinha dezoito anos. Pouco se sabe sobre a vida de Dante e a maior parte das informações sobre sua educação, sua família e suas opiniões são geralmente meras suposições. As especulações sobre a sua vida deram origem à vários mitos que foram propagados por seus primeiros biógrafos, dificultando o trabalho de separar o fato da ficção. Pode-se encontrar muita informação em suas obras, como na Vida Nova (La Vita Nuova) e na Divina Comédia (Commedia).Dante foi fortemente influenciado pelos trabalhos de retórica e filosofia de Brunetto Latini (1220-1295) - um famoso poeta que escrevia em italiano (e não em latim, como era comum entre os nobres), tendo também se beneficiado da amizade com o poeta Guido Cavalcanti (c.1250-1300) - ambos mencionados na sua obra. Pouco se sabe sobre sua educação. Segundo alguns biógrafos, é possível que tenha estudado na universidade de Bologna, onde provavelmente esteve em 1285.

2 comentários:

Sucrilhos disse...

Usei seu texto para um trabalho sobe música... muito interessante. Parabéns ^^

EMANUEL MARTINEZ disse...

Beleza pura. Aproveite, mas não esqueça de informar as origens do texto. Beijos